Como saber quando jogar a toalha? Quantos namoros e casamentos não foram mantidos com base na teimosia (seja de mulher ou do homem)?
Muito se fala sobre persistência. Afinal, fomos ensinadas a nos dedicar a uma relação, fazer de tudo para que dê certo. O que ninguém fala é que, muitas vezes, o que consideramos ser persistência da nossa parte, pode na verdade, ser considerado como teimosia.
Esse é o cerne do texto de hoje. Até onde persistir e quando desistir?
De tanto fazer força para uma relação dar certo (e isso, muitas vezes com um alto preço para os dois lados), muitas pessoas acabam não percebendo que estão lutando por algo que já não faz mais sentido para elas. É como se houvesse um apego à relação em si e não ao que ela traz à pessoa.
Quando indago sobre a importância do parceiro, sobre o bem que a relação faz às clientes que se encontram em crise, as respostas mais comuns são queixas e reclamações. Normal. Afinal, estão em crise e nada mais esperado nesse momento do que uma grande reavaliação e crítica da situação. Porém, existem casos em que a cliente, por mais que perceba que aquele parceiro já não é adequado para ela, que aquilo que uniu o casal não existe mais, que os caminhos realmente se separaram, insiste em continuar na relação, mesmo sabendo que ficará cada vez mais infeliz.
Se optar por um rompimento nas relações de curto e médio prazo já é desafiador, no caso das relações de longa data o buraco é ainda mais embaixo. São anos de convivência, intimidade, amizade. É uma história escrita a dois por vários anos. Cada elemento do casal deixou um pouco de lado sua respectiva individualidade para viver a unidade do casal. Clientes recém separadas ficam perdidas e sem referências logo após a separação. Não sabem mais dizer se as coisas das quais gostam foram opções delas ou gostos adquiridos do marido (esportes, hobbies, até gosto musical). E quando há filhos, então, fica tudo mais sensível. Afinal, tem-se que pensar no futuro e bem estar das crianças, no impacto que uma separação dos pais pode ter sobre elas.
Claro que sempre trabalhamos para manter os casais unidos. Nada mais doloroso do que uma separação. Porém, quando o preço para continuar uma relação fica alto demais, talvez seja o caso de se pensar em um rompimento. Não sem antes avaliar todos os prós e contras, sem pesar muito bem pesadas as consequências de um término.
Aí entra a diferença entre persistência e teimosia. Persistir é optar continuar na relação porque ela continua FAZENDO SENTIDO para você. Mesmo com os eventuais problemas do casal, existe uma vontade de fazer dar certo, a fé e esperança de que os obstáculos serão superados. Há que se trabalhar a relação, mas é possível reconstruí-la. Ainda existe comunicação, há interesses e metas comuns.
No caso da teimosia, embora alguns dos elementos acima apontados possam estar presentes, falta o principal: vontade de fazer dar certo porque a relação simplesmente DEIXOU DE FAZER SENTIDO para a pessoa. Ela não vê mais por quê se dedicar a algo que dentro dela já acabou, perdeu sua razão de ser. E apesar disso tudo, decide seguir com a relação. Por medo de ficar só. Porque está acostumada a ter a presença do outro em sua vida. Porque não consegue imaginar sua vida de outra maneira, com outra rotina. É um grande medo do desconhecido. A zona de conforto em que se encontra pode ser ruim, mas é algo sobre a qual ela tem controle, pois já sabe como funciona e o que esperar dela.
Se você estiver em crise na sua atual relação, pare e pense. Avalie a situação com toda a calma do mundo. Resgate tudo de positivo que existe. Ponha na balança ao lado de tudo de negativo. Meça as consequências de continuar junto ou de separar. Afinal, uma separação tem grande impacto na vida dos dois elementos do casal e nos filhos, se houver. Porém, manter uma relação por teimosia também pode ter consequências muito negativas, como um desgaste cada vez maior, falta de respeito e carinho, sem mencionar brigas cada vez mais frequentes que podem acabar culminando em agressão física ou em traumas nas crianças.
E caso tenha dificuldade em avaliar se é persistência ou teimosia, não hesite em procurar ajuda. Estamos falando da sua vida e do seu futuro. Nada mais importante do que a escolha que você fizer, seja qual for, faça sentido para você.
Por Ruth Lunardelli
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